Os filmes premiados pela 12ª Mostra Produção Independente

Foram concedidos seis prêmios e duas menções honrosas. A última noite da Mostra ainda contou com a exibição do filme “Casa da Xiclet” e com a homenagem a Valentina Krupnova (foto: Luara Monteiro)

Na noite dessa quinta-feira (13), o público capixaba conheceu as obras premiadas pela Mostra Competitiva de Curtas Capixabas da 12ª Mostra Produção Independente – Aldeias. Antes da Cerimônia de Premiação, realizada no Cine Jardins, o evento também rendeu homenagem a diretora e professora de cinema Valentina Krupnova. Na ocasião, também foi exibido o documentário “Casa da Xiclet”, de Sofia Amaral, e lançado o DVD Coletânea da Mostra. Esse evento teve início na última segunda-feira e contou com uma extensa programação gratuita  de exibições e outras atividades em torno do audiovisual.

A 12ª Mostra Produção Independente – Aldeias é uma realização da Associação Brasileira de Documentaristas e Curtas-Metragistas do Espírito Santo (ABD Capixaba) e contou com o patrocínio do Banestes. Para o presidente da ABD Capixaba, Thiago Moulin, o evento cumpre a importante função de dar visibilidade à produção local e de aproximar diferentes gerações de realizadores: “A Mostra é um espaço bem democrático,  incentiva os trabalhos dos novos diretores e reconhece a trajetória de profissionais com trajetórias já reconhecidas. É uma janela para aqueles que estão acabando de chegar, que estão lançando seu primeiro filme, e para quem já está na estrada há algum tempo”.

Premiações da Mostra Competitiva

Entre os 19 filmes em competição, seis produções foram premiadas. O Prêmio Especial do Júri foi para “Hic”, de Alexander Buck, curta-metragem de 15 minutos que se vale do realismo fantástico e insólito para evidenciar o racismo cotidiano na ilha de Vitória. No filme, um maratonista africano ganha a capacidade de se teletransportar, o que atrai os olhos da mídia internacional. O júri justificou o mérito da premiação à originalidade do roteiro, à experimentação da linguagem e o modo inovador como o tema do racismo foi abordado.

Foram contemplados com o Prêmio Destaque os curtas-metragens “Hotel Cidade Alta”, “Divina Luz” e Córrego Grande, 13”. Filme que já circulou por algumas mostras nacionais, “Hotel Cidade Alta”, de Vitor Graize, foi premiado pela qualidade técnica e pela experimentação narrativa que mescla ficção e realidade de modo bastante autoral. No documentário “Divina Luz”, o veterano Ricardo Sá teve o mérito de empreender uma intensa pesquisa de arquivo e utiliza de soluções audiovisuais criativas para resgatar a história de uma importante figura feminina: a bailarina e naturista Luz del Fuego. No documentário “Córrego Grande, 13”,  um excelente trabalho de som e de fotografia e uma montagem propícia à reflexão expressam a intimidade entre a diretora Carol Covre e seus avós em conversas sobre a memória e o pertencimento.

Ganharam o Prêmio Incentivo os documentários “Como Areia do Mar”, de Raphael Sampaio, curta que discute a fragilidade da memória humana tendo como interlocutoras  mulheres idosas com alzheimer; e “Transvivo”, de Tati W. Franklin, que chamou a atenção pelo modo como aborda um tema urgente na sociedade – a transexualidade – ao aproximar os personagens principais – dois jovens transexuais –  do público usando o dispositivo do auto-registro.

Presente na Cerimônia, a diretora Tati W. Franklin (foto ao lado) ressaltou a importância da premiação para a carreira do filme, para a militância e para a vida profissional de toda equipe envolvida na produção do curta: “Dedico esse prêmio a todos os realizadores, ao Izah e ao Murilo (personagens do documentário). Agradeço a toda equipe do filme e à Mostra, foram momentos intensos. Vida longa à ABD!”.

O Júri da Mostra também concedeu duas Menções Honrosas: para “O Polígono”, de Caio Fabricius, e para “No Caminho da Escola”, dos Alunos do Projeto Animação.

Este ano, a Mostra Competitiva recebeu cerca de 80 inscrições de filmes vindos de diversos municípios do Espírito Santo: 27 documentários, 26 ficções, 7 animações e 20 videoclipes, videoartes e filmes experimentais. Dessas produções, foram escolhidos 19 filmes de diretores veteranos e estreantes que mostram a diversidade de gêneros, de temáticas, de propostas narrativas e de estéticas na recente produção local. A seleção das obras foi feita por uma Comissão formada pela produtora Leandra Moreira, pelo diretor Alexandre Serafini e pela diretora e editora Iza Rosenberg. A Comissão de Júri da Mostra foi formada pela professora e pesquisadora Daniela Zanetti, pelo produtor e diretor Felipe Redins, e pela produtora e diretora de arte Joyce Castello.

Homenagem a Valentina Krupnova

Antes da premiação, foi feita a homenagem à diretora e professora de cinema, Valentina Krupnova. A cerimônia incluiu, além da presença da homenageada, a exibição de um vídeo-homenagem produzido especialmente pelo diretor Ricardo Sá. Prestes a contemplar 70 anos, Valentina Krupnova teve grande participação na formação da geração de cineastas que iniciaram a carreira durante o ciclo do curta-metragem, ainda nos anos 1990. Como servidora pública lotada do DEC – antigo Departamento Estadual de Cultura, hoje Secretaria de Cultura – Krupnova esteve na coordenação de cursos teóricos e práticos na área de cinema, dando um empurrão inicial para a profissionalização do segmento.

Quem entregou o Troféu de Homenagem à Valentina foi o diretor Ramon Alvarado, que fez parte do elenco de “Hotel Cidade Alta” e, por isso, também representou o filme na premiação.

Lançamento DVD Coletânea

Como estratégia para fazer circular e repercutir as obras e debates presentes no evento, durante 12ª Mostra Produção Independente – Aldeias, após a premiação foi lançado DVD Coletânea da Mostra. Reunindo 18 produções que foram exibidas na Mostra Competitiva, esse produto cumpre de promover o registro e a catalogação das obras dos realizadores capixabas e funciona como um mecanismo de difusão desse conteúdo audiovisual para fins não comerciais.

12ª Mostra Produção Independente – Aldeias

Filmes Premiados na Mostra Competitiva

 

Prêmio Especial do Júri (Prêmio da Link Digital com serviço de Encode DCP para um filme de até 20 minutos)

Hic, de Alexander Buck

Pela originalidade do roteiro, experimentação da linguagem e inovação na abordagem sobre o racismo.

 

 

Prêmio Destaque

Córrego Grande, 13, de Carol Covre

Pelo excelente trabalho de som e de fotografia e pela forma como o ritmo da montagem favorece a reflexão sobre a memória.

Divina Luz, de Ricardo Sá

Pelo trabalho de pesquisa e utilização de soluções audiovisuais criativas para resgatar a história de uma importante figura feminina.

Hotel Cidade Alta, de Vitor Graize

Pela qualidade técnica e pela experimentação narrativa que mescla ficção e realidade de modo bastante autoral.

 

Prêmio Incentivo (Prêmio do Instituto de Artes e Técnicas em Comunicação em créditos para cursos na área audiovisual)

Como areia do mar, de Raphael Sampaio

Pela força das personagens retratadas e a maneira sensível com a qual tratou a questão da memória.  

Transvivo, de Tati W Franklin

Pelo modo como aborda um tema urgente na sociedade – a transexualidade – e aproxima os personagens principais do público, possibilitando um lugar de fala.

 

Menções Honrosas

Polígono, de Caio Fabricius

Pela experimentação visual, composição dos diálogos e atuações.

 

No caminho da escola, dos Alunos do Projeto Animação

Pela forma lúdica com qual trata de questões do mundo contemporâneo, mesclando técnicas de animação.