A 13ª Mostra Produção Independente reuniu realizadores e amantes do cinema capixaba no Cine Jardins, entre os dias 02 e 05 de julho de 2018, com entrada gratuita. Cumprindo a importante função de reunir a recente produção de filmes que são fruto das ações afirmativas e da organização de grupos menos privilegiados da sociedade em busca da diversidade de olhares no cinema brasileiro, nesta edição, além da exibição dos filmes em competição, o evento contou com uma Mostra Paralela de filmes convidados; a Pós-Mostra Novos Rumos; debates com realizadores; a 4ª reunião do Fórum do Audiovisual Capixaba; o lançamento da Revista-Catálogo Milímetros nº 8 e do DVD-Coletânea com os filmes selecionados para a Mostra Competitiva.
Com uma trajetória de três décadas nos palcos capixabas e mais de 20 trabalhos no cinema, Suely Bispo, uma baiana radicada no Espírito Santo desde o final dos anos 80 e que fez da sua carreira um meio de promover discussão sobre direitos humanos foi a homenageada da 13ª Mostra produção Independente.
Em 2018 foram inscritas cerca de 70 produções para a Mostra Competitiva exclusivamente capixaba e a escolha dos filmes foi feita por uma Comissão de Seleção formada pela diretora Carol Covre; pela artista plástica, professora universitária e diretora de arte Rosana Paste; e pelo jornalista e pesquisador de cinema Adriano Monteiro.
Entre videoclipes, documentários, ficções e filmes experimentais, a Mostra Competitiva exibiu 25 curtas de realizadores capixabas iniciantes, veteranos e amadores e, assim, o público pode conhecer um panorama da produção audiovisual do Espírito Santo.
Os vencedores da Mostra Competitiva com o Prêmio Destaque foram a animação O Projeto do Meu Pai, de Rosaria; e o híbrido Ano Passado Eu Morri, de Rodrigo de Oliveira. O Prêmio Livres Filmes, que consiste em um plano de distribuição, ficou com o documentário Rio das Lágrimas Secas, de Sáskia Sá, que também foi condecorado com uma Menção Honrosa, junto ao videoclipe Solveris – Cherry Blossom, de Junior Batista; e à animação Sobre a Gente, realizado por alunos do projeto Animação/Núcleo Animazul.
Outros três filmes arremataram o Prêmio Incentivo: o videoclipe Teresa, de Erika Mariano; o documentário Água Viva, de Barbara Ribeiro – ambos contemplados com cursos de aperfeiçoamento do Instituto de Artes e Técnicas em Cinema (Iatec); e a ficção A Mulher do Treze, de Rejane Arruda – contemplado com serviço de Encode para DCP da Link Digital. “Nossa, eu tô muito feliz, queria agradecer à ABD por esse prêmio…eu realmente não esperava, porque é o meu primeiro trabalho como diretora, então, é uma surpresa muito boa”,
comenta a realizadora Erika Mariano.
A Comissão do Júri da Mostra Competitiva foi formada pela produtora e diretora de fotografia Ursula Dart, pela pesquisadora doutora em cinema Maria Inês Dieuzeide e pelo roteirista e diretor André Félix.
Em sintonia com a temática dessa edição, a Mostra Paralela exibiu, fora de competição, três curtas-metragens capixabas que tematizaram a crítica social e o protagonismo das mulheres negras e das comunidades quilombolas. Fizeram parte dessa seleção três curtas-metragens, sendo dois documentários e um videoclipe. Canto da Mulher Quilombola, de Xis Makeda, um registro de cantos ancestrais e do protagonismo de mulheres quilombolas da região do Sapê do Norte, no Espírito Santo; Mulheres de Barro, de Edileuza Penha de Souza, também sobre a ancestralidade feminina, mas em outro grupo, o das paneleiras da região de Goiabeiras, portadoras da saber reconhecido como o primeiro patrimônio imaterial do Brasil. E O Golpe, de
Marcos Luppi, videoclipe de rap do trio Marcos Luppi, MC’s Koayá e MFive que, em tom de denúncia, fez uma relação entre o golpe político da democracia e as injustiças sociais cotidianas que sofrem os grupos menos privilegiados da sociedade.
Também integrou a programação do evento a inédita Pós-Mostra Novos Rumos, uma faixa bônus que acontece nos dias 06 e 07 de julho, no Cine Metrópolis/Ufes, Goiabeiras. Com a curadoria de Diego de Jesus e Hegli Lotério, a Pós-Mostra Novos Rumos trouxe seis curtas- metragens e um longa para apresentar um pequeno panorama de filmes recentes nacionais que evidenciam os resultados das políticas afirmativas de acesso aos meios de produção. De diferentes estéticas e temas, financiados por editais de cultura ou coletivamente em diferentes regiões do país, a maioria dos filmes contava com a direção de mulheres negras e evidenciavam a importância da subjetividade do olhar de quem filma.
Os filmes exibidos foram Historiografia de Amanda Pó, Travessia de Safira Moreira, Revejo de Láisa Freitas, A Boneca e o SIlêncio de Carol Rodrigues, Braços Vazios de Daiana Rocha, Chico dos Irmãos Carvalho, Superpina de Jean Santos, e o longa-metragem Meu Corpo é Político de Alice Riff.
A Mostra de 2018 teve patrocínio do Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes) e contou com o apoio da Universidade Federal do Espírito Santo, por meio de sua Secretaria de Cultura, do Iatec, da Link Digital, da Livres Filmes, da Comunicação Impressa e da TV Gazeta.