A 10ª Mostra Produção Independente – O Lugar da Memória aconteceu entre 09 e 13 de julho de 2015 e voltou a investir numa temática essencial ao audiovisual produzido no Espírito Santo – a preservação de imagens – agregando a essa temática o debate e a exibição de cinema de arquivo, uma vertente forte no documentário contemporâneo.
Foram exibidas 22 obras na Mostra Competitiva e cinco longas-metragens nacionais realizados com imagens de arquivo – Retratos de Identificação, de Anita Leandro; Ressurgentes, de Dácia Ibiapina; Sabotage, de Ivan 13P; e Para sempre teu, Caio F. de Abreu, de Candé Salles. O diferencial dessa mostra em relação às anteriores foi ter acontecido em espaços culturais diferentes.
As exibições de curtas e longas-metragens aconteceram em quatro noites, no Cine Metrópolis. Cada sessão dessas foi reprisada na noite seguinte, no Centro Cultural Sesc Glória. No horário do almoço acontecia, também no Sesc Glória, uma mostra temática que incluía filmes raros e não raros. Ao mesmo tempo, ocorreram mostras paralelas no Museu de Arte do Espírito Santo (Maes), no Museu Vale e no Corredor Criativo Nestor Gomes. No Maes também houve uma exposição sobre os trabalhos dos homenageados dessa mostra – Luiz Tadeu Teixeira e Margarete Taqueti.
A 2ª Mostra Obras Raras, cuja primeira edição havia acontecido em 2007, reuniu grande parte da produção videográfica da década de 2000 a 2010, além de diversos filmes em 16 mm exibidos em seu formato original. Foram realizadas as seguintes Sessões-Memória, que totalizaram mais de 60 obras exibidas: Memória Augusto Ruschi, Memória Musical, Memória da Ditadura, Memória da Cidade, Memória Persici, Memória da Animação Capixaba, Memória em 16 mm, Memória da TV, Memória da Literatura, Memória da Videodança, Memória da Videoarte, Memória dos Movimentos Culturais, Memória do Humor, Memória da Luz e ainda uma sessão-homenagem a Margarete Taqueti e Luiz Tadeu Teixeira.
Outra atração dessa Mostra foi o Curso Intensivo de Cinema de Arquivo. Cerca de 90 pessoas passaram um dia inteiro no Cine Metrópolis assistindo a filmes de arquivo e ouvindo os ensinamentos da professora universitária e documentarista Anita Leandro.
O encerramento do evento ocorreu no Sesc Glória e contou com um espetáculo em homenagem a Ludovico Persici [link para o vídeo do espetáculo], interpretado por Reginaldo Secundo e musicado ao vivo pelo grupo Zabumba Peroá, sob coordenação do maestro Fernando Secomandi. Após a apresentação foi exibido, em formato original, o curta-metragem O Sonho e a Máquina, dirigido por Alex Viany e produzido por Ney Modenesi, que foi gentilmente cedido por Jean Calmon. Os homenageados da mostra subiram ao palco e a noite terminou com a exibição do longa-metragem de arquivo Pra sempre teu, Caio F. de Abreu, de Candé Salles.
A revista-catálogo Milímetros nº 5 dedicou-se ao tema da mostra. Abriu com um texto de Bernadette Lyra sobre suas lembranças acerca dos cinemas de rua de Vitória na década de 50. Trouxe também textos de Erly Vieira Jr sobre a contribuição de Margarete Taqueti para o audiovisual capixaba, incluindo sua filmografia, e de Luiz Tadeu Teixeira sobre sua trajetória no cinema. A pesquisadora e diretora Anita Leandro presenteou o leitor com um texto sobre montagem de arquivos e Fabrício Fernandes escreveu sobre o filme Paraíso no Inferno, de Joel Barcelos, definitivamente um dos mais importantes longas-metragens produzidos no Espírito Santo em todos os tempos. A preservação audiovisual foi tema de um texto de Sérgio Dias. Também há textos de Agostino Lazzaro sobre Luz del Fuego, de Margarete Taqueti sobre o resgate de Cenas de Família, filme de Ludovico Persici, e de Jean Calmon sobre a importância do curta O Sonho e a Máquina, produzido por seu pai, Ney Modenesi, que versa sobre a obra de Ludovico Persici.
Os premiados daquele ano foram A Própria Cauda, de Virgínia Jorge; Invisível, de Diego de Jesus; A Cor do Fogo e a Cor da Cinza, de André Félix; e Planície, de Gabriel Perrone. Receberam menções honrosas os seguintes trabalhos: Coisas de Menino, de Bipe Couto e Dayana Cordeiro e Última Esperança, de Gustavo Senna.