A gestão Ricardo Sá
O presidente eleito, mais uma vez por chapa única, foi Ricardo Sá, tendo Vitor Graize como vice-presidente; Rodrigo de Oliveira, Marcos Valério Guimarães e Saskia Sá como diretores; Edson Ferreira como diretor suplente; Thiago Moulin como tesoureiro; Jovany Sales Rey como segundo tesoureiro; Igor Pontini como primeiro secretário; Bob Redins como segundo secretário; e Ursula Dart, Lizandro Nunes e Alexandre Serafini no Conselho Fiscal.
Entre 2013 e 2015, a ABD Capixaba realizou uma virada importante – a parceria com a Agência Nacional de Cinema (Ancine), que possibilitou o aumento de recursos para a produção de longas-metragens, por meio de um convênio que estabeleceu que para cada real investido pelo Governo do Estado do Espírito Santo, a Ancine investiria 1,5 real. Tal parceria só se consolidou em 2015 e nos anos de 2013 e 2014 os prêmios para longa-metragem ainda foram integralmente bancados pelos recursos do Funcultura-ES.
Em 2013, o valor do edital estadual para a produção de longa-metragem de ficção atingiu a cifra de 1 milhão de reais, além de vários outros editais para o audiovisual que atingiram uma quantia de aproximadamente 2 milhões de reais. Porém, em 2014, esse valor foi reduzido para pouco mais de 1 milhão e não foi lançado o edital para longa-metragem.
O ano de 2015 foi especialmente agitado para o setor devido ao anúncio da diminuição de verbas estaduais para a cultura, que deflagrou o Ocupa Secult, um movimento que abalou as estruturas da Secretaria de Estado da Cultura e contou com o amplo engajamento da classe artística capixaba. Após várias reuniões históricas, que chegaram a reunir quase 300 artistas, o Governo do Estado recuou em seu posicionamento e aceitou manter o valor do investimento dos editais de cultura dos anos anteriores – 8 milhões de reais.
O valor do convênio com a Ancine também foi garantido e tivemos, pela primeira vez, um edital de longas-metragens com duas categorias – documentário e ficção. Os valores dos prêmios eram de 1 milhão de reais para longa-metragem ficção e 250 mil reais para longa-metragem documentário, sendo que 750 mil vieram da Ancine e 500 mil do Funcultura-ES.
Após batalhas internas e externas, o audiovisual capixaba se fortaleceu e os recursos da Secult para o setor em 2015 chegaram ao montante de R$1.929.630,20 que, somados a 750 mil reais da Ancine, totalizaram R$2.679.630,20
Com a parceria com a Ancine, a categoria começou a enxergar novos horizontes para o audiovisual capixaba, o que promoveu mudanças também em alguns editais, como o edital de Desenvolvimento de Roteiros, que se transformou em edital de Desenvolvimento de Projetos, incluindo a figura do produtor na equipe e aumentando o valor de 15 mil para 24 mil reais, demonstrando a intenção da categoria de oxigenar a etapa de elaboração do projeto, considerada por todos essencial para o sucesso do mesmo.
Na 9ª Mostra Produção Independente, realizada em 2014, foi lançada a revista-catálogo Milímetros nº 4, que, além do tema do evento, abordou as diversas áreas de atuação da nova diretoria, que assumiu a ABD Capixaba com a bandeira de profissionalizar o setor, investindo suas fichas em cinco eixos estratégicos – formação, produção, distribuição, preservação e reflexão. Ao longo dos dois anos seguintes, esses eixos seriam desenvolvidos não apenas por meio da realização de mostras e eventos como o Circula Curtas e a Feira do Audiovisual Capixaba (FAC2014), mas também pelo estabelecimento de parcerias com instituições públicas ou não governamentais como Sebrae-ES, Secult, Sated-ES, Occa, Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Instituto Quorum, Secretaria de Cultura da Ufes, Secretaria de Cultura de Vitória, entre outros.
Outra ação inovadora dessa gestão foi a Feira de Negócios que aconteceu entre 10 e 12 de novembro desse ano e representou uma tentativa de inserir o Espírito Santo no calendário de eventos de mercados audiovisuais que, naquele momento, começavam a ser criados em todo o Brasil por conta da homologação da Lei da TV Paga e da constituição do Fundo Setorial do Audiovisual – dois instrumentos legais que possibilitaram o surgimento de novos modelos de produção. O projeto da FAC foi aprovado no edital de eventos da Secult e contou com o apoio de outras instituições para sua realização, principalmente do Sebrae-ES, da Ufes e da Rede Gazeta. A proposta era bastante ousada e se mirava no Rio Content Market, o maior mercado de audiovisual da América Latina.
Foram três dias de programação intensa, com atividades realizadas no auditório da TV Gazeta, na Fábrica de Ideias e no Cine Metrópolis. Uma parceria com a Rede Gazeta possibilitou a vinda de diretores da Rede Globo para realizarem masterclasses e palestras. Profissionais de destaque apresentaram seus trabalhos, como o capixaba Juliano Enrico que naquele ano lançava pela TV sua série O Irmão do Jorel.
Durante a FAC2014 foram realizados, em parceria com o Sebrae-ES, encontros de negócios com produtoras locais. No Cine Metrópolis aconteceu a 1ª Mostra de Pilotos de TV com obras nacionais e locais. Houve uma feira na Fábrica de Ideias que reuniu 20 empresas de produção, de organização de festivais de cinema e órgãos públicos e contou com oficinas de animação para estudantes de escolas públicas da Grande Vitória [link para fotografias da feira].Também foi lançada a Agenda do Audiovisual Capixaba [link para fotografia da capa da agenda],que foi distribuída entre produtores audiovisuais e culturais do estado.
O projeto Circula Curtas, contemplado no edital de Diversidade Cultural da Secult de 2014, levou para cinco cidades do Espírito Santo 20 produções locais selecionadas através de chamamento público com o pagamento de um simbólico cachê de 200 reais. Foi uma tentativa de estabelecer contato entre as obras capixabas e o público das cidades do interior, para além do que faz o circuito cineclubista há mais de 20 anos. Revelou-se uma experiência interessante, mas que precisa ganhar mais fôlego, ocorrendo com maior periodicidade.
A diretoria também aprovou um projeto na Lei Rubem Braga que viabilizou a realização da X Mostra Produção Independente, realizada em junho de 2015.
A X Mostra Produção Independente voltou a investir numa temática essencial ao audiovisual produzido no Espírito Santo – a preservação de imagens – e agregou a essa temática o debate e a exibição de cinema de arquivo, uma vertente forte no documentário contemporâneo. A mostra ocorreu em diferentes espaços – Cine Metrópolis; Centro Cultural Sesc Glória; Museu de Arte do Espírito Santo (Maes); Museu Vale; e corredor Criativo Nestor Gomes – e teve como homenageados Margarete Taqueti e Luiz Tadeu Teixeira.
Além de eventos, a gestão trabalhou com os seguintes projetos, ações e parcerias:
– Desenvolvimento e envio para a Secult de um plano estratégico para a entidade, resultado de várias reuniões públicas ocorridas entre agosto e novembro de 2013, envolvendo propostas para as áreas de diagnóstico, consultoria, formação, produção, divulgação, circulação e preservação do audiovisual;
– Criação do Comitê Gestor do Audiovisual, em parceria com o Sebrae-ES, que traçou diversas ações como a missão ao Rio Content Market, a consultoria sobre mercado, a realização da Feira do Audiovisual Capixaba, entre outras. O comitê funcionou com reuniões quinzenais até meados de 2016;
– Contribuição na elaboração e desenvolvimento do projeto Cine Memória, que resultou na oficina de produção de documentários de arquivo, sob a orientação de Silvio Tendler, em parceria com o Sesc Glória;
– Estabelecimento de parceria com o Arquivo Público do Espírito Santo (Apees), com a doação de cópias de obras audiovisuais de autores capixabas para a entidade, contribuindo para a preservação da memória do setor no estado. Também em parceria com o Apees foi realizada, em 2013, a Mostra de Filmes de Arquivo, uma edição reduzida da Mostra Produção Independente – O Lugar da Memória, que aconteceria no ano seguinte;
– Participação na articulação do I Congresso dos Profissionais de Rádio e Televisão, ocorrido nos dias 29 e 30 de setembro de 2015, na Rede Gazeta de Comunicações. Evento realizado pelo Iatec, Instituto Quorum e pela TV Gazeta;
– Entrega do prêmio ABD Capixaba para o filme Abrigo ao Sol, de Emerson Evêncio, no 22º Festival de Vitória;
– Indicação de membros para a Comissão Normativa da Lei Rubem Braga (dezembro de 2013) e para o Conselho Estadual de Cultura (outubro de 2014).
O ex-presidente Ricardo Sá comenta sobre seu período à frente da ABD Capixaba “foram anos muito intensos. Tivemos os movimentos de rua que levantaram o Brasil. Em seguida, aconteceu o Ocupa Secult, um movimento cultural que nunca será esquecido por quem faz arte no estado. No nosso setor, plantamos diversas sementes – iniciamos a parceria com a Ancine, estabelecemos parcerias com diversos órgãos públicos e entidades culturais, realizamos duas mostras e uma feira de negócios, circulamos com os filmes capixabas pelo interior, aceleramos até onde pudemos nosso opalinha capixaba (risos)”.