Gestão Saskia Sá
Em 25 de maio de 2004, os associados da ABD Capixaba elegeram uma nova diretoria, com uma mulher à frente. A entidade passou a ser presidida por Saskia Sá, tendo Lizandro Nunes como vice-presidente; Jovany Salles Rey como secretário; Alexandre Serafini como primeiro tesoureiro; Jefferson Pinheiro como segundo tesoureiro; e Federico Nicolai, Alana Ribeiro e Anne Elise Candal como diretores.
A chegada de Saskia Sá à presidência trouxe novos ares para a entidade, que começou a flertar mais com a juventude, com os movimentos sociais e estudantis. Naquele período, ocorreu também uma aproximação com Carla Osório, que apresentava o programa “Produção Independente”, exibido semanalmente na TV Assembleia. O então editor da TV Assembleia, Antonio Mendes Americano, teve a iniciativa de realizar uma mostra com os filmes exibidos no programa, mas a comissão organizadora decidiu abrir inscrições públicas para democratizar o espaço. Assim, surgiu a 1ª Mostra Produção Independente, que aconteceu em novembro de 2004 na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, atraindo os olhares da cidade para um evento totalmente voltado para a exibição e a discussão da produção audiovisual local.
A 1ª Mostra Produção Independente foi uma importante delimitação de território para o audiovisual capixaba. A partir dali, foi possível enxergar melhor a produção e as questões locais e a ABD começou a ser percebida como uma entidade com reivindicações concretas, propondo debates e ações justos e, principalmente, se mostrou séria no que fazia. Naquele mesmo ano, a ABD Capixaba auxiliou a Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo (Secult) na elaboração de um novo mecanismo para os produtores locais – o edital de finalização de curtas-metragens.
Em maio de 2006 ocorreu uma nova eleição. A entidade seguiu sendo presidida por Saskia Sá, tendo Ricardo Sá como vice-presidente; Lizandro Nunes, Alexandre Serafini e Ursula Dart como diretores; Renato Carniato como diretor suplente; René Padilha e Patrick Tristão como tesoureiros; Jefinho Pinheiro e Alana Ribeiro como secretários; e Jovany Salles Rey, Andreia Ribeiro e Federico Nicolai no Conselho Fiscal.
A nova diretoria eleita passou a se dedicar à realização da 2ª Mostra Produção Independente, cujo tema foi “Transborda”, definido após conversas sobre o perfil de grande parte das produções locais. O tema agradou a todos e abriu as portas da Ufes, que cedeu o Cine Metrópolis à ABD Capixaba, para a realização do evento. A contribuição da Ufes foi muito além de uma simples cessão de espaço e definiu uma parceria que continuaria até os dias de hoje, inicialmente por meio de Rosana Paste e posteriormente de Rogério Borges. Rosana se tornou parceria da Mostra da ABD, abrindo caminhos e contribuindo de forma plural para a concretização dos nossos devaneios. Dali em diante, ela se tornou parceira constante e fiel, até sua saída da Secretaria de Cultura da Ufes, em 2012, quando foi substituída por Rogério Borges, que deu continuidade à parceria com a ABD Capixaba na realização da mostra.
Naquele mesmo ano, a ABD Capixaba recebeu recursos da Lei Rubem Braga para aquisição de equipamentos (câmera, som e ilha de edição), que passaram a ser utilizados tanto na produção das mostras seguintes quanto na realização de trabalhos externos que serviam para pagar o aluguel da sala que abrigava a entidade.
A existência da sede foi um grande impulso para realização da Mostra Produção Independente seguinte – “A Vida É Curta” – que demandou muito contato com diversas instituições e realizadores, além de um trabalho de pesquisa e organização de dados que não poderia ter sido feito sem a existência de um espaço próprio. Com o sucesso da mostra anterior, a diretoria da ABD se animou a fazer algo maior para apresentar a 3ª Mostra Produção Independente. As portas institucionais se abriram e o bom momento político na Prefeitura de Vitória ajudou a construir um projeto ambicioso de reconstituição da memória do cinema no Espírito Santo, tanto com a publicação do catálogo 81 Anos de Cinema no Espírito Santo, organizado por Carla Osório, quanto com a exibição dos filmes desse período.
Uma década após a realização dessa mostra, não há como não reconhecer sua importância para o amadurecimento da entidade, pois, naquele momento, a ABD juntou num mesmo evento diversas de suas aspirações – preservar, fomentar, exibir, debater, provocar. O respeito pela associação cresceu e a elevou ao posto de uma das entidades culturais mais atuantes do estado.
Com o sucesso da realização da Mostra Produção Independente – A Vida É Curta, a ABD se aproximou bastante da Secretaria de Cultura e Esporte da Prefeitura de Vitória e foi iniciado um processo para ocupação do segundo andar do Mercado da Capixaba, onde, há algum tempo, havia ocorrido um incêndio que destruiu a sede daquela secretaria. Foi feito um projeto arquitetônico, que contemplava espaços para exibição, preservação de obras, edição, projeção de filmes e administração. Marcos Valério Guimarães chegou a prestar uma consultoria para a elaboração do projeto de som e projeção da sala de exibição, mas o plano não foi à frente e o espaço continua desocupado até o fechamento deste texto, em agosto de 2017.
A parceria com a Secretaria de Cultura e Esporte da Prefeitura de Vitória continuou firme e a ABD Capixaba realizou, em julho de 2008, a 4ª Mostra Produção Independente – Desconstrução,que apresentou avanços e novidades, como a revista-catálogo Milímetros, a Mostra Paralela com obras de outros estados brasileiros, lançamento de coleção de DVD’s com filmes de Glauber Rocha, a realização do Seminário de TV e Produção de Conteúdos Independentes e o lançamento da Campanha Pelos Direitos do Público.
Após a realização da 4ª Mostra da ABD, os esforços da diretoria se concentraram em preparar as eleições para a nova gestão da entidade, que aconteceram no dia 08 de novembro daquele ano.