O Cine-concerto, novidade da mostra anterior, deixou tantas marcas positivas que foi realizado novamente em 2008. O grupo escolhido desta vez foi O Sol na Garganta do Futuro, que fez uma apresentação em total sintonia com o conceito do evento, que aconteceu entre os dias 23 e 28 de julho de 2008.
Nessa mostra, foi criado um novo instrumento de reflexão e aglutinação – a revista-catálogo Milímetros. O ano de 2008 foi de Virginia Jorge, que conquistara 14 prêmios com seu curta No Princípio Era o Verbo e a ela foi dedicada a capa da revista Milímetros nº 0.A publicação também contou com um panorama do audiovisual no Espírito Santo, com levantamento de ações nos campos da formação, produção, exibição e preservação. O conteúdo da revista foi construído por textos de diversos realizadores e estudiosos e trouxe também homenagens à atriz Margareth Galvão e a Jaceguay Lins. Para Jaceguay, falecido naquele ano, foi dedicada a exibição do vídeo-homenagem Rio que Corre, durante a noite de encerramento do evento. Também houve naquela noite o lançamento do DVD-coletânea com os filmes da Mostra Competitiva.
À mostra daquele ano também foi incorporado um elemento que tornou-se presente nos anos seguintes – a Mostra Paralela, com obras de outros estados. Foram selecionados filmes que dialogavam com o conceito de desconstrução, tema do evento. A revista Milímetros nº 0 publicou a proposta apresentada por Saskia Sá, então presidente da ABD Capixaba, para a mostra – “Com o tema da Desconstrução trabalharemos com os conceitos de narrativa e de formação do olhar, ao vermos os filmes e vídeos como peças de construção cultural, linhas que transformam o mapa de ocupação espaço-temporal, e se encontram à mercê das forças culturais, transformando-se em uma relação de resistência que ultrapassa os limites do cinema convencional”. A vinheta de abertura mostrava a cena de demolição da Passarela da Ufes, retirada de um vídeo de Rosana Paste.
Outro destaque da mostra foi a oficina de Joel Pizzini, um realizador de renome internacional que trabalha com o conceito de cinema de poesia. Para Pizzini “não faz sentido excluir o sonho e a imaginação numa investigação estética mesmo que seja de caráter documental”. Alguns dos filmes desse diretor fizeram parte da Mostra Paralela, como o longa Anabasys, narrado em primeira pessoa por Glauber Rocha. Junto com Paloma Rocha, filha de Glauber, Joel Pizzini lançou uma coleção de DVD’s com filmes do cineasta baiano, que passou a fazer parte do acervo da ABD Capixaba.
A mostra também abriu portas para uma análise sobre o mercado, com a realização do Seminário de TV e Produção de Conteúdos Independentes, que discutiu a participação das produções locais nas grades das TV’s estaduais e nacionais. Aconteceram diversos debates e masterclasses com representantes de TV’s e distribuidoras que foram importantes para a reflexão sobre esse setor. Essa preocupação com questões de mercado passou a fazer parte das mostras seguintes, com a realização de rodadas de negócios e debates, culminando com a realização da I Feira do Audiovisual Capixaba(FAC2014).
A Mostra Desconstrução exibiu 54 obras, 27 delas na Mostra Competitiva Capixaba. Prêmios de 1,2 mil reais foram distribuídos a dois filmes – Fracasso, de Alberto Labuto, e Eu Que Nem Sei Francês, de Erly Vieira Jr. As duas obras foram exibidas no Festival de Atibaia Internacional do Audiovisual (Faia), em São Paulo, em janeiro de 2009.
Durante essa quarta edição do evento, foi lançada a Campanha pelos Direitos do Público, um desdobramento da 1ª Conferência Mundial de Cineclubismo, realizada no México em fevereiro daquele ano.