Na trajetória dessa artista é possível perceber o engajamento político na luta pela valorização da cultura negra e da arte de interpretar. A homenagem acontece na noite de premiação da 13ª Mostra Produção Independente nesta quinta-feira (05), no Cine Jardins, em Vitória. Confira a reportagem com perfil de Suely Bispo que também faz parte da Revista Milímetros nº 8 / (foto acima: Luara Monteiro)
Paulo Gois Bastos
Com um percurso de três décadas nos palcos capixabas, exercendo diversas funções do fazer teatral, com cerca de 20 trabalhos no cinema e participação em uma importante obra da teledramaturgia nacional, além de publicações literárias e historiográficas, a baiana Suely Maria Bispo dos Santos é a homenageada da 13ª Mostra Produção Independente – Novos Rumos. Na noite de premiação do evento, nesta quinta-feira (05), Suely receberá o abraço do público e assistirá a um vídeo-homenagem produzido especialmente para a ocasião.
Uma realização da ABD Capixaba, a 13ª Mostra Produção Independente – Novos Rumos tem o patrocínio do Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes) e conta com o apoio da Universidade Federal do Espírito Santo, por meio de sua Secretaria de Cultura, do Iatec, da Link Digital, da Livres Filmes, da Comunicação Impressa e da TV Gazeta.
A dedicação de Suely Bispo à vida artística foi algo que aconteceu sem muito planejamento. Durante a sua infância teve uma única experiência com teatro na escola, mas que não foi levada adiante. “Eu era muito tímida e sofri muito com minha timidez. Foi somente por volta dos 20 anos, assim que me mudei para Vitória, que me aproximei do teatro no movimento de teatro amador. A primeira pessoa do teatro que conheci foi a Maura Moschem, durante o pré-vestibular. Foi uma aproximação rápida, mas só depois soube que ela era do teatro. Logo em seguida, conheci a Verônica Gomes, pois morávamos na Ilha de Santa Maria, primeiro lugar em que residi em Vitória assim que cheguei de Salvador”.
Ainda na Bahia, Suely fizera o vestibular para Comunicação Social, porém não conseguiu ser aprovada. Já residente no Espírito Santo, ingressou na graduação em História pela Universidade Federal do Espírito Santo, em 1986. A escolha pelo curso foi motivada, em parte, por um amigo e namorado que era formado no mesmo curso e, em outra, pela leitura do poema Analfabeto Político, do poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht. “O irônico é que foi alguém do teatro, o Brecht, que me levou a decidir por fazer a graduação em História. Eu gostava do curso, mas fiquei um pouco decepcionada, não sabia se era aquilo mesmo que queria. Se fosse hoje, teria mudado para o curso de Artes Cênicas. Mas essa graduação foi muito importante para a minha formação enquanto ser humano e ser político. Depois de formada, dos anos 90 até o início dos anos 2000, cheguei a atuar como professora de escolas públicas em Serra e Cariacica”.
Suely se aproximou do fazer teatral a convite de Verônica Gomes: “Tornamo-nos amigas e passei a ir com ela para os ensaios de teatro. Comecei a sentir uma coisa diferente, algo que me atraía para o palco e dizia que eu não devia estar sentada na plateia, mas sim atuando lá em cima”. A constante presença nos ensaios, de certa forma, expressava o desejo de Suely por atuar e lhe rendeu o convite para integrar o elenco da peça A Gang do Beijo, uma adaptação da obra de José Louzeiro sob a direção de Armando Mecenas.
Sua primeira aparição na telona é no curta-metragem Fausto (1995), de César Huapaya. Na verdade, trata-se do registro em vídeo inspirado na consagrada obra de Marlowe e Goethe. O filme foi pensado para fazer parte do espetáculo cênico homônimo do Teatro Experimental Capixaba, ambos sob a direção de César Huapaya, fundador dessa companhia e diretor com o qual Suely atua há 24 anos. Essas duas obras, peça e filme, foram os seus primeiros trabalhos como atriz profissional e, dessa forma, seu batismo na profissão. “Foi tão difícil fazer o Fausto, entrar no mangue, gravar no lixão e no abatedouro, tomar banho de sangue. Foi o meu grande teste. Se eu não quisesse realmente ser atriz, teria parado naquele momento. Para abraçar essa carreira, é preciso querer muito e aguentar o tranco, saber que é difícil e, mesmo assim, desejar continuar”.
É bem evidente na trajetória de Suely a militância pela valorização da cultura afro-brasileira. No final dos anos 80, ela participou do Grupo Raça, organização que congregava estudantes e militantes negros na Ufes. Essa temática também perpassa muitos de seus trabalhos no teatro e no cinema, além de estar expressa em sua produção literária e historiográfica. Em 2012, atuou como a primeira coordenadora do Museu Capixaba do Negro – Verônica Pas após sua reforma e restauração. É autora do livro Resistência Negra na Grande Vitória: dos Quilombos ao Movimento Negro, obra que foi publicada em 2006 e deverá ter uma segunda edição lançada ainda este ano. “Hoje temos esse conceito de lugar de fala. Sempre exerci isso onde estou e nos vários lugares que ocupei e ocupo. Seja as artes cênicas, na literatura, seja no audiovisual, aonde vou levo essas questões”.
Há cerca de 10 anos que Suely faz uso do teatro para promover educação em direitos humanos e cidadania em um projeto voltado para estudantes da rede pública de ensino de Vitória. “Gosto muito dessa proposta de um teatro que coloca as questões. Eu interpreto esquetes sobre racismo, homofobia, violência contra a mulher, direito do consumidor e depois provocamos um debate com os alunos”.
Durante a vida universitária, Suely se aproximou dos textos poéticos por meio da via teatral. No início dos anos 90, integrou o Guardiães da Poesia, grupo que fazia adaptações dramatúrgicas a partir de vários autores. Essa aproximação entre as artes cênicas e a poesia é uma das marcas de sua trajetória, mas sua relação com a literatura vai mais além: é de sua autoria os livros de poemas Desnudalmas (2009) e Lágrima Fora do Lugar (2016). Em 2012, ela também concluiu o Mestrado em Estudos Literários pela Ufes com uma dissertação sobre a obra do poeta afro-brasileiro Solano Trindade. Suely também participa do Sarau Afro-tons, em Vitória, que em 2017 lhe rendeu homenagem com o livro-coletânea Zacimbas e Suelys; e do Coletivo Louva Deusas, de São Paulo, iniciativa dedicada à produção de textos e desenhos eróticos de mulheres negras, com que publicou a coletânea Além dos Quartos.
Em 2017, Suely Bispo também esteve engajada na campanha #AtoresCapixabasUnidos, iniciativa capitaneada pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos em Diversões do Estado do Espírito Santo (Sated/ES) em resposta à desvalorização dos atores locais por parte do mercado publicitário e do poder público. “É preciso mudar essa mentalidade aqui do capixaba, enquanto povo, de achar que tudo que vem de fora é melhor. Estou sempre em aprendizado, mas sei o valor do meu trabalho e quero ter esse reconhecimento. Já cheguei a fazer um teste para um filme, a seleção exigia a interpretação de uma cena em que deveriam ser expressas muitas emoções em um minuto. Eu consegui fazer uma excelente apresentação. Aí me falaram que fui aprovada, mas que não havia cachê. E era público. A produção contava com recursos de editais ou lei de incentivo. Claro que me neguei a fazer”.
Uma atriz tímida na coxia
Espetáculo juvenil de 1987 e estreia de Suely Bispo nos palcos, A Gang do Beijo foi apresentado em Vitória e circulou por algumas cidades do interior do Espírito Santo e também integraram em seu elenco nomes como Eliezer de Almeida, Dudu Guimarães e Verônica Gomes. O enredo dessa montagem se passa em uma escola e a personagem de Suely era uma estudante que fazia parte da turma de alunos rebeldes. “Eles questionavam a ordem e o sistema. Havia um momento em que os estudantes entoavam o Hino Nacional com uma letra diferente e debochada. Eu, ainda muito tímida, só gesticulava com a boca, mas não cantava, pois tinha medo”. Essa timidez acabou por afastar Suely dos palcos, mas não do teatro. Ela continuou a assistir a ensaios de montagens e assumir outras funções do fazer teatral que não a interpretação.
Novamente na companhia de Verônica Gomes passou a frequentar a casa do diretor César Huapaya, fundador do Teatro Experimental Capixaba. “Fui assistindo às peças dele e pensava: ‘Quero trabalhar com esse diretor’, pois achava o teatro dele muito bonito. Lembro-me da montagem de Eu Sou Vida; Eu Não Sou Morte, de Qorpo Santo, que utilizava a linguagem do teatro japonês e foi encenada no final dos anos 80. Foi despertando o desejo de trabalhar com o César, então eu ficava rodeando o teatro, mas fugia do palco”.
Parte desse temor de expor-se no palco foi sendo desconstruída em sua participação no grupo Guardiães da Poesia no início dos anos 90. Sediada na Ufes, no Campus de Goiabeiras, e com encontros sempre aos domingos, essa experiência teatral era conduzida pela atriz Margareth Maia, que orientava os processos cênicos e os exercícios corporais. Durante essa vivência, Suely encenou em seu segundo trabalho: a montagem de A Descoberta do Fogo no País do Sabiá que apresentava criações dramatúrgicas a partir da colagem de textos poéticos de inúmeros autores.
Enquanto não se entregava à carreira de atriz, Suely ficava “rodeando” o palco, exercendo funções técnicas e nos bastidores. Como contrarregra trabalhou em diversos espetáculos como em Ainda Bem Que Aqui Deu Certo, sob a direção de Erlon Paschoal, e no Auto do Frei Pedro Palácios. “Eu era uma excelente contrarregra e gostava de fazer, tanto que profissionalmente primeiro me registrei como contrarregra e só depois como atriz. Também fiz o som para alguns espetáculos junto com o Robson de Paulo. Eu adorava fazer e, de vez em quando, ainda faço. Só não aprendi a fazer luz, pois acho mais complexo, mas quero aprender, pois gosto de atuar em vários lugares no teatro. Acabei exercendo essas funções porque tinha medo de entrar em cena. Era uma defesa, uma forma de estar no teatro e não me expor”.
Sua profissionalização como atriz aconteceu em Fausto, espetáculo do Teatro Experimental Capixaba dirigido por César Huapaya. Após mais de um ano de ensaios, essa montagem fez estreia no Fiesta Santafesina de Teatro, em Santa Fé, Argentina. De volta ao Brasil, a peça circulou pelo Espírito Santo com apresentações em Vitória, São Mateus e Cachoeiro. “Foi uma experiência bastante ousada para a época. Era um espetáculo super arrojado, pois o público ficava no palco com o elenco, fomos um dos primeiros grupos a fazer isso aqui em Vitória e as pessoas achavam aquilo estranho e não compreendiam muito bem a proposta”. Em 1996, Fausto foi apresentado na Kuntfest Weimar, em Weimar, Alemanha. “Tive que buscar meu registro profissional por causa dessa viagem para a Alemanha. As coisas foram acontecendo e eu nunca disse assim ‘vou ser atriz’, mas senti o ‘bichinho’ do teatro morder-me e, quando isso acontece, você não não consegue deixar de fazer teatro”.
Junto com o grupo Teatro Experimental Capixaba, sob a direção de César Huapaya, Suely atuou em outros cinco espetáculos: O Riso Contra A Dengue (2000); A Flor de Nanã – montagem apresentada de 2004 a 2008 em que se recriava o ambiente de um terreiro de candomblé dentro do teatro; Farsa de Juliana e Dom Jorge (2005) – montagem que recriava um grande um bailado inspirado no folclore brasileiro e no romanceiro medieval, que para Suely foi “um dos espetáculos mais bonitos e alegres que Vitória já assistiu. Foi um dos momentos que eu mais senti prazer de estar no palco”. Nessa peça, ela interpretou mais de um personagem, entre eles a famosa cafetina negra Maria Tomba Homem. Além dessas peças, atuou também em As Relações Naturais (2007), de Qorpo Santo, e Cantantes dos Reis (2009 e 2010).
Suely Bispo tem em sua trajetória nos palcos seis trabalhos solos com caráter de performance ou monólogos. O primeiro dele foi Oxum, trabalho criado para um encontro de mulheres negras organizado pela historiadora Edileuza Penha de Souza, em 1996, e com coreografia da própria Suely. Esse espetáculo foi sendo apresentado por diversos anos, sofrendo modificações no seu formato de acordo com o espaço e o público das apresentações. Em 2009, ele desdobrou-se em Oxum e Iemanjá – O Encontro das Águas, proposta que reúne performance em dança, teatro e poesia.
Um de seus trabalhos de destaque é Shakespearianas, montagem que estreou em 1998 e que foi apresentada até 2004. A criação desse espetáculo, que adapta textos de personagens femininas de William Shakespeare, teve seu roteiro escrito por Suely Bispo e Paulo de Paula, que fez a direção. Esse monólogo levou o prêmio pelo Júri Popular de Melhor Espetáculo no 1º Festival Nacional de Monólogos de Vitória no ano de sua estreia e, no ano seguinte, os prêmios de Melhor Cenário e Melhor Figurino no 8º Concurso Nacional de Monólogos Ana Maria Rêgo, no Piauí. A produção de Shakespearianas também tem a assinatura de Suely, que fez outros trabalhos como produtora, especialmente, para os seus espetáculos solos.
Nesse formato solo e mesclando poesia e dramaturgia, ainda constam no currículo da atriz as montagens Negra Poesia (2004), proposta com texto de poetas negros como Waldo Motta, Elisa Lucinda, Cruz e Souza, Solano Trindade, e da própria Suely Bispo; Momento Solano Trindade (2008), sarau poético pelo centenário de nascimento do poeta Solano Trindade; e Um recital para Miguel Marvilla (2014 a 2018).
Suely Bispo também fez parte da Companhia de Teatro Terra Rádio, iniciativa que desenvolvia montagens infanto-juvenis com a temática ecológica. Dessa empreitada atuou nas montagens Rádio Terra Planeta Água (2001); Nem Todo Lixo é Lixo (2004 a 2008); e Alice no País Sem Maravilhas (2005 a 2007). Esses espetáculos contavam com textos de Margareth Maia e com a direção de Verônica Gomes, circulavam principalmente em escolas e foram apresentados no Instituto Terra, em Aimorés-MG.
Em 2000, como resultado de uma oficina de teatro de máscaras, sob o comando do diretor Dácio Lima, da Companhia do Gesto do Rio de Janeiro, Suely integrou o elenco da peça Jogo de Máscaras. Durante a preparação, o jeito brincalhão e, por vezes, disperso da atriz foi motivo de reprimendas por parte do diretor. Tal exigência de disciplina contribuiu para que ela ficasse mais atenta ao seu trabalho de intérprete.
Em 2002, integrou o elenco de In Sanatório, montagem escrita e dirigida por Pablo Cruces. Nessa proposta de teatro imersivo, o público era transportado por um ônibus com janelas vedadas até o local do espetáculo: uma casa onde funcionava um manicômio. A montagem teve ampla repercussão na época e Suely interpretava uma louca que falava com Deus. Alguns espectadores, eventualmente, chegavam a confundir a ficção com a realidade durante as apresentações. Completam a lista de trabalhos para o palco Ah, Vitória que Saudades, montagem de 2015 com texto do Milson Henriques e direção de Verônica Gomes; e Na Carreira do Divino, peça escrita por Carlos Alberto Soffredini com direção de Robson de Paula. Além desses, os autos: Auto de Frei Pedro Palácios, onde fazia a cena do povo e o anjo negro; e Auto da Paixão de Cristo, com direção de Verônica Gomes, que se apresentava na Pedra Cebola.
Interpretar para as lentes e telas
Depois de seu batismo como atriz no espetáculo e no filme Fausto, ambos dirigidos por César Huapaya, Suely Bispo integrou o elenco da ficção Herói da Bingolândia, curta-metragem de 2001 dirigido e roteirizado por Ricardo Sá e Alexandre Serafini. Sua personagem era uma bêbada. Também fizeram parte do elenco Wilson Coelho, Marco de Castro, Júlio Barros, entre outros. As gravações aconteceram nas praias do município de Serra e o filme brinca com linguagem do gênero fílmico western para fazer crítica política. Em 2003, fez uma pequena participação no curta E no Princípio Era o Verbo, de Virgínia Jorge.
Durante seus primeiros trabalhos para o cinema, Suely ainda não tinha muito clara a diferença que é interpretar para uma lente em relação à atuação nos palcos, sobre a necessidade de diminuir-se o histrionismo teatral. “No início, eu não tinha essa percepção, em Fausto, pensar isso não era importante, pois era uma montagem de teatro para o cinema, assim não foi preciso aprender essa técnica de interpretar em função da linguagem do cinema. Depois que fui fazendo outros filmes, eu ouvia as pessoas falarem: ‘O pessoal do teatro exagera no cinema, fica aquela coisa exagerada e exacerbada’. Aí, fui começando a perceber a diferença. No filme 3331 considero que estou muito teatral, apesar de eu gostar. Depois desse filme, comecei a ficar mais natural, fui trabalhando isso em mim”. Produção de 2011, 3331 é um curta-metragem dirigido por Jorge Nascimento em que Suely é uma das personagens protagonistas do roteiro. “Na minha cabeça sempre fui uma atriz de teatro, porque este é uma coisa mais forte para mim, mas hoje faço mais cinema do que teatro e tem a poesia junto ainda. Só me conscientizei desse negócio de cinema mesmo na minha carreira, apesar de já fazer cinema, quando fui homenageada pelo CineCongo Festival Audiovisual da Paraíba no ano passado”.
Suely também emprestou sua voz para três obras cinematográficas: foi a narradora off do documentário Reis Quitumbis – curta de 2009 dirigido pelo antropólogo Osvaldo Martins, com fotografia de Ricardo Sá e que retrata o cotidiano cultural e econômico de comunidades quilombolas do norte capixaba. Em 2012, fez a voz original para Um Apólogo, animação de Darcy Alcântara, Felipe Gaze, Wolmir Alcântara e Délio Freire e, no ano seguinte, para um dos episódios da série de animação A Flauta dos Sonhos, produção de 2013, roteirizada por Délio Freire e dirigida por Darcy Alcântara e Wolmir Alcântara.
Em 2014, interpretou duas prostitutas na ficção Cais dos Cães, curta-metragem roteirizado e dirigido por Marcos Veronese. Esse filme teve como inspiração a crônica José Versus José, do jornalista Pedro Maia. Nesse mesmo ano, ainda atuou no curta A Letra do A, produção institucional do Ministério da Educação dirigida por Jefinho Pinheiro. Em 2015, interpretou a orixá Oxum na ficção afro-futurista Beatitude, de Délio Freire. Curta-metragem este que faz uma releitura do mito da escrava Anastácia. Nele, Suely divide a tela com o ator Markus Konká, que interpreta São Benedito.
Nesse mesmo ano, foi lançado o primeiro longa-metragem do currículo de Suely Bispo: Destinos das Sombras, de Klaus Berg. Seus últimos trabalhos para o cinema foram os curtas ficcionais ainda inéditos Os Mais Amados, de Rodrigo de Oliveira, no qual interpreta a mãe de Jesus; e Abelha Rainha, de Thayla Fernandes. Os dois filmes se encontram em fase de finalização. Em relação a essas recentes produções, Suely diz que tem se surpreendido com o profissionalismo dos projetos. “Foram sets muito bem organizados, trabalhos conduzidos de uma forma muito competente e organizada. Isso me chamou a atenção. Foram experiências muito boas desde a preparação até as filmagens. Apesar de toda a dificuldade que é produzir cinema no Espírito Santo, temos visto ótimas produções. O pessoal do cinema tem que ser guerreiro para fazer a coisa acontecer. Percebo que estamos evoluindo bem técnica e artisticamente falando. Tenho percebido um profissionalismo maior nas últimas equipes com as quais atuei”.
Em 2016, Suely Bispo foi convidada a integrar o elenco da segunda fase da novela Velho Chico, obra de Benedito Ruy Barbosa e Edmara Barbosa, com direção de Luiz Fernando Carvalho. Seu personagem era a mãe preta e cozinheira Doninha que na primeira fase foi interpretada pela atriz Bárbara Reis. “Fui privilegiada pela sorte e pelo destino, pois meu primeiro trabalho na televisão teve a direção de um diretor consagrado como Luiz Fernando Carvalho. De certa forma, eu me identificava com aquela obra, pois a novela fazia vários questionamentos políticos. Apesar da Doninha, minha personagem, ocupar uma posição subalterna como empregada da casa, a obra em si era muito contundente. Ela era também uma conselheira de todos. Foi uma proposta de trabalho não muito comum para a própria televisão. Eu não tinha cadastro na Globo nem enviei currículo para lá; fui descoberta através das redes sociais e do Markus Konká. Foi incrível mesmo!”.
EXCELENTE RECONHECIMENTO. ESTAMOS TODOS ORGULHOSOS E REPRESENTADOS POR ESTA GRANDE ATRIZ – SUELY BISPO !!! BRAVO !!!