Gestão Thiago Moulin
Em 2015, Thiago Moulin assumiu a presidência da ABD Capixaba com a seguinte Diretoria: Felipe Redins (Vice-Presidente); Leandra Moreira, Lucia Caus e Ursula Dart (Diretoras), Igor Pontini (Tesoureiro), Diego Navarro (2º tesoureiro), Laissa Gamaro (Secretária), Maria Grijó Simonetti (2ª secretária), Gabriel Perrone (diretor suplente). Alexandre Serafini, Lizandro Nunes e Ricardo Sá assumiram o conselho fiscal.
O discurso principal desta gestão foi o de buscar uma aproximação institucional com a Agência Nacional do Cinema (Ancine), o que, segundo o então presidente, Thiago Moulin, realmente aconteceu: “Creio termos realizado um bom trabalho nesse sentido e o fato de os editais da Secult em 2017 contarem com quatro prêmios para longa, dois para documentário e dois para ficção, é também fruto dessa relação”.
A atuação da ABD Capixaba nos bastidores desse acordo, sem precedentes na história do setor audiovisual do Espírito Santo, foi fundamental. Trabalhando como uma espécie de interlocutora entre Ancine e Secult-ES para um melhor aproveitamento do dinheiro investido, a Diretoria esteve atenta a práticas que já vinham sendo adotadas em outros estados, o que possibilitou à Secult-ES incluir no acordo assinado com a Ancine algumas verbas que até então não vinham sendo contabilizadas nos convênios anteriores (verbas destinadas à produção de curtas, por exemplo). O resultado desse olhar vigilante foi um aumento substancial no aporte a ser feito pela Ancine e, consequentemente, a possibilidade de financiamento de outros dois longas capixabas com o valor adicional.
Nos dois anos de gestão, algumas reuniões com a Prefeitura Municipal de Vitória também foram realizadas com esse mesmo intuito: apresentar detalhes do funcionamento da mesma chamada de Arranjos Regionais que possibilitou à Secult o lançamento de quatro longas no ano de 2017. No entender da ABD Capixaba, esse seria o melhor caminho para fazer cumprir uma das metas estabelecidas no Plano Municipal de Cultura – a produção de ao menos um longa-metragem por ano com recursos municipais. Como o acordo de Arranjos Regionais só é possível a instâncias estaduais e a cidades capitais de Estados e tendo em vista que o Plano Municipal de Cultura em questão foi implantado durante a gestão do mesmo prefeito que à época ainda geria a cidade, a Diretoria acreditou estar diante do cenário ideal para que o Espírito Santo abrisse o ano de 2018 com um quinto projeto de longa-metragem sendo produzido no Estado. Entretanto, nada aconteceu além de reuniões.
Ainda com o intuito de aproximar Espírito Santo e Ancine, a Diretoria da entidade deu início à elaboração de um Plano Especial de Desenvolvimento (PED) para o setor audiovisual capixaba. A ideia era que com o PED em mãos, o Estado pudesse nortear suas ações nos anos seguintes rumo ao crescimento e à profissionalização do setor. Principalmente num primeiro momento, o objetivo de ter um plano de desenvolvimento construído a várias mãos foi também político: de posse dele, seria possível bater à porta da Ancine para cobrar uma inserção real do Espírito Santo no cenário nacional, provando organização e articulação local.
Entendendo a formação como o caminho natural para o avanço do setor, a proposta da ABD foi de que o Plano deveria ser construído em cima de três eixos principais: [1] produção (englobando as etapas de desenvolvimento de projetos, produção, filmagem e finalização), [2] difusão (exibição, distribuição e comercialização) e [3] memória e preservação. Com uma agenda de reuniões semanais realizadas majoritariamente dentro da Secult-ES, foram convidadas para a elaboração do Plano as seguintes instituições: Arquivo Público Estadual, Arranjo Produtivo Local Nestor Gomes (APL Nestor Gomes), Conselho Estadual de Cultura, Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Organização dos Cineclubes Capixabas (OCCa), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-ES), TV Educativa do Espírito Santo, Universidade Federal do Espírito Santo e, é claro, a própria ABD Capixaba e a Secult-ES – que além de anfitriã dos inúmeros encontros vespertinos, se dispôs ainda a fechar o Plano após feitas todas as considerações pelos presentes, o que infelizmente não aconteceu.
Um dos pontos insistentemente defendidos pela ABD Capixaba, não só durante as reuniões para a construção do PED mas também ao longo de toda a gestão 2015/2017, foi a premente necessidade de uma coordenadoria exclusiva para o setor Audiovisual dentro da estrutura organizacional da Secult-ES. Para um governo tão apoiado na imagem de detentor de boas práticas gerenciais, o fato de o setor não dispor sequer de um único funcionário capaz de lidar exclusivamente com uma agência reguladora do tamanho e do potencial de investimento da Ancine foi um erro que custou ao Estado a perda de mais de 2,5 milhões de reais nos anos de 2015 e 2016.
Em 2016, a Diretoria 2015/2017 realizou a produção da 11ª Mostra Produção Independente – Cenários. A Mostra foi produzida com apoio da Secult e do Bandes, além das parcerias com a finalizadora Link Digital e a instituição de ensino Iatec, que premiaram alguns realizadores com seus serviços – um encode DCP e bolsas de estudo, respectivamente. O Cine Metrópolis também foi parceiro da Mostra e, como contrapartida, a ABD Capixaba realizou a doação de uma lâmpada para o projetor do cinema pela cessão do espaço.
A 12ª Mostra Produção Independente – Aldeias foi realizada em 2017. Com patrocínio do Banestes, o evento contou ainda as parcerias da finalizadora Link Digital e da instituição de ensino Iatec, que premiaram alguns realizadores com seus serviços (um encode DCP e bolsas de estudo, respectivamente), além do apoio da TV Gazeta, da Rádio Cidade e da Universidade Federal do Espírito Santo. A grande novidade da 12ª Mostra Produção Independente foi seu local de realização, que em 2017 aconteceu no Cine Jardins. O espaço permitiu atingir um público mais diversificado e a sala ficou cheia em todas as exibições da Mostra.
Esta gestão também ficou marcada pela realização do Fórum do Audiovisual Capixaba. A primeira reunião do Fórum aconteceu dentro do Festival de Vitória de 2015, em parceria com a Galpão Produções e o Congresso Brasileiro de Cinema. No ano seguinte, a segunda edição foi realizada durante a 11ª Mostra Produção Independente, no Cine Metrópolis. Já em 2017, o III Fórum foi realizado no auditório do CCE/Ufes com o tema “Políticas Públicas para o Audiovisual no ES: avaliação do presente e panorama futuro”. Para compor a mesa de debates foram convidados representantes da Secult-ES e da Secretaria de Cultura de Vitória.
Outra ação importante desta gestão foi a reestruturação do site da ABD Capixaba. Muito mais do que um mero endereço virtual, relançar o site da instituição simbolizou recuperar a memória da Associação. Por isso apostou-se num trabalho minucioso de pesquisa realizado por Ricardo Sá e supervisionado por Thiago Moulin (presidente da ABD à época) e Leandra Moreira (que viria a ocupar a presidência na gestão seguinte). O relançamento do site foi uma das primeiras ações da gestão de Leandra Moreira.
Ainda dentro do objetivo maior, traçado pela gestão 2015/2017, de aproximar o Espírito Santo da Ancine, diversas reuniões para apresentar o funcionamento da chamada pública Prodav 02 foram realizadas com TVs públicas locais (a saber: TV Educativa do Espírito Santo – TVE, TV Ufes e TV Ales). Todas elas demonstraram grande interesse nesse mecanismo federal de incentivo à produção audiovisual independente – embora, até o fim da gestão, nada tenha se concretizado.
Por fim, de forma mais resumida, outras ações da Diretoria 2015/17 foram:
– Apoio à realização do Rio Content Lab, projeto de formação organizado pela Brasil Audiovisual Independente (BRAVI) que contou com oficinas abertas ao público e consultorias para projetos selecionados nas áreas de animação, documentário e ficção;
– Apoio à realização do Congresso dos Profissionais de Rádio e TV (trabalho iniciado ainda na gestão de Ricardo Sá);
– Indicação de nomes para o Conselho Estadual de Cultura, o Conselho de Cultura de Vitória e o Conselho de Cultura de Vila Velha;
– Fortalecimento da parceria com instituições como a Findes, o Sebrae, o Ifes, a Ufes, o Cine Metrópolis, a Secult-ES, a TV Gazeta, o Vasco Coutinho, a BRAVI, o Sesc Glória, o Projeto Tamar, a OCCa (que em parceria com a ABD ajudou a fechar a lista de indicados para o Câmara do Audiovisual do Conselho Estadual de Cultura), entre outras;
– Apoio à organização do I Doc Regência, em parceria com o Projeto Tamar;
– Organização da Sessão ABD em parceria com o Cine Metrópolis;
– Cadeira no Conselho de Economia Criativa (Conect) da Findes;
– Participação no Congresso Brasileiro de Cinema;
– Participação da ABD Capixaba como membro ativo no Fórum da Comunicação Capixaba, fórum permanente que existe desde 2016;
– Presença em conversa realizada no Rio de Janeiro com a diretora da Ancine, à época, Rosana Alcântara – sobre as possíveis mudanças temidas pelo setor audiovisual na política da Ancine após o golpe de 2016;
– Criação do APL do Audiovisual (em 2016 a ABD também participou do grupo para a criação do APL do Audiovisual – ação que até então vinha sendo capitaneada pela Secretaria de Desenvolvimento Estadual mas que hoje está paralisada);
– Elaboração, em conjunto com outras entidades nacionais, da carta de realizadores do eixo Sul/MG/ES encaminhada à Ancine solicitando revisão das cotas e do fator de 1,5x para convênios assinados com esses estados por meio do edital de Arranjos Regionais;
– Suporte à vinda das oficinas do Prodav TVs Públicas para o Espírito Santo em 2016;
– Articulação do primeiro edital de distribuição para longas (em parceria com a Ancine).
A eleição para definir a nova diretoria aconteceu em 05 de setembro de 2017.