Novos Rumos da produção de cinema, ações afirmativas e o protagonismo de grupos identitários são o tema da mostra da ABD Capixaba deste ano
Seguindo a tradição das Mostras da ABD Capixaba, a 13ª Mostra Produção Independente – Novos Rumos também apresenta em sua programação a Mostra Paralela. Essa janela não competitiva dá tom às discussões sobre acesso aos meios de produção no cinema ao exibir uma curadoria que prioriza a diversidade à frente e atrás das câmeras. A programação é gratuita e acontece no Cine Jardins, em Jardim da Penha, Vitória, às 19h, no próxima dia 05 de julho .
Tradicionalmente, a Mostra Paralela compõe a Mostra Produção Independente oferecendo um panorama das questões que atravessam a produção cinematográfica no Espírito Santo e no Brasil em seu tempo. Neste ano, o tema da Mostra – Novos Rumos – se dedica a dar visibilidade ao cinema que é feito por grupos historicamente menos privilegiados no acesso aos meios de produção. Filmes feitos por comunidades tradicionais, mulheres, pessoas indígenas, negras e LGBTQI+, que utilizam o cinema para abordar questões específicas de seus grupos como um exercício de expressão de seu ponto de vista em relação ao mundo.
Fazem parte dessa seleção três curtas-metragens, sendo dois documentários e um videoclipe. Canto da Mulher Quilombola, de Xis Makeda, registra os cantos ancestrais e o protagonismo de mulheres quilombolas da região do Sapê do Norte, no Espírito Santo; Mulheres de Barro, de Edileuza Penha de Souza (imagem no topo da matéria), versa também sobre a ancestralidade feminina, mas em outro grupo, o das paneleiras da região de Goiabeiras, portadoras da saber reconhecido como o primeiro patrimônio imaterial do Brasil. Também compõem a mostra O golpe, de Marcos Luppi, videoclipe de rap do trio Marcos Luppi, MC’s Koayá e MFive que, em tom de denúncia, faz uma relação entre o golpe político da democracia e as injustiças sociais cotidianas que sofrem os grupos menos privilegiados da sociedade.
Para Leandra Moreira, presidente da ABD Capixaba e coordenadora da 13ª Mostra Produção Independente – Novos Rumos, a Mostra Paralela é um termômetro das novas formas de pensar e fazer cinema no Brasil. “Os filmes convidados seguem temas e forma de produção ligados a ações e políticas afirmativas. São filmes dirigidos ou produzidos por mulheres, protagonizados/interpretados por homens e mulheres negros e ligados a alguma minoria desprivilegiada da sociedade brasileira”.
Uma realização da ABD Capixaba, a 13ª Mostra Produção Independente – Novos Rumos tem o patrocínio do Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes) e conta com o apoio da Universidade Federal do Espírito Santo, por meio de sua Secretaria de Cultura, do Iatec, da Link Digital, da Livres Filmes, da Comunicação Impressa e da TV Gazeta.
MOSTRA PRODUÇÃO INDEPENDENTE
A 13ª Mostra Produção Independente – Novos Rumos acontece do dia 02 até 05 de julho, no Cine Jardins. Além da Mostra Paralela de filmes convidados, o evento ainda conta com Mostra Competitiva de Curtas Capixabas; debates com realizadores; homenagem; reunião do Fórum do Audiovisual Capixaba; o lançamento da Revista-Catálogo Milímetros nº 8 e do DVD-Coletânea com os filmes selecionados para a Mostra Competitiva. Também integra o evento a Pós-Mostra Novos Rumos que acontece nos dias 06 e 07 de julho no Cine Metrópolis/Ufes, em Goiabeiras. Toda as sessões da programação têm entrada franca!
PROGRAMAÇÃO MOSTRA PARALELA
Data: 05 de julho (quinta-feira)
Horários: 19h
Local: Cine Jardins, R. Carlos Eduardo Monteiro de Lemos – Jardim da Penha, Vitória
ENTRADA FRANCA!
Canto de Mulher Quilombola – Território Sapê do Norte, de Xis Makeda
(documentário, 4’43”, 2017, Livre)
Sinopse: Produzido pelo Grupo Sawabona de Cultura Negra, o documentário retrata o protagonismo de mulheres quilombolas da região do Sapê do Norte, no Espírito Santo, através das memórias de seu “canto” territorial e seus cantos culturais ancestrais.
Mulheres de Barro, de Edileuza Penha de Souza
(documentário, 26’, 2014, Livre)
Sinopse: Em meio aos relatos de suas histórias de amor, doze mulheres, paneleiras e congueiras de Goiabeiras Velha, em Vitória-ES, confeccionam suas panelas de barro com a mesma força e destreza com que a vida moldou seus destinos e afetos. Apesar de uma vida sofrida essas mulheres conquistaram uma velhice tranquila retirando do barro e do congo a razão e o prazer de viver.
O Golpe, de Marco Luppi
(videoclipe, 3’30”, 2018, Livre)
Sinopse: Uma abordagem do golpe. O golpe que sofremos diariamente. Um golpe que tem endereço, tem cor, tem gênero e tem classe social.